Surpresa!!!

Para amigo João Celorico, a Aldeia da minha vida oferece este blogue, para dar voz às suas palavras simples e singelas, e colocar lá no alto vivências mágicas vividas, com a sua terra no coração.

Se é por falta de tempo...ou de conhecimentos para mexer no blogue, não há mal nenhum nisso! Envie as suas criações poéticas e nós teremos todo o gosto em publicar aqui!

A casa já tem amigos: 6 seguidores, incluindo eu! Entre na sua casa e veja os comentários que alguns de nós deixámos!

Atenciosamente, Susana

Um blogue cheio de poesia, com cheirinho a saudades de uma terrinha raiana, a Salvaterra do Extremo...e não só!

Blogagem colectiva

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Na minha terra come-se bem!


Blogagem Colectiva

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

São Martinho, a lenda e a tradição



No São Martinho, vai à adega e prova o vinho…

( retirado da wikipédia, transcrevo parte da descrição acerca de São Martinho, de Tours) Martinho nasceu na Hungria, antiga Panónia, por volta do ano 316 e pertencia a uma família pagã. Seu pai era comandante do exército romano. Por curiosidade começou a frequentar uma Igreja cristã, ainda criança, sendo instruído na doutrina cristã, porém sem receber o baptismo. Ao atingir a adolescência, para tê-lo mais à sua volta, seu pai alistou-o na cavalaria do exército imperial. Mas se o intuito do pai era afastá-lo da Igreja, o resultado foi inverso, pois Martinho continuava praticando os ensinamentos cristãos, principalmente a caridade. Depois, foi destinado a prestar serviço na Gália, hoje França.
Foi nessa época que ocorreu o famoso episódio do manto. Um dia um mendigo que tiritava de frio pediu-lhe esmola e, como não tinha, o cavaleiro cortou seu próprio manto com a espada, dando metade ao pedinte. Durante a noite o próprio Jesus lhe apareceu em sonho, usando o pedaço de manta que dera ao mendigo e agradeceu a Martinho por tê-lo aquecido no frio. Dessa noite em diante, ele decidiu que deixaria as fileiras militares para dedicar-se à religião.

O povo, na sua sabedoria e crendice, acrescenta que o tempo que até aí seria dum frio outonal se teria tornado ameno. Daí a chamar-lhe Verão de São Martinho, foi um pequeno passo!

Também, acerca do S. Martinho, o conceituado etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) escreve o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros, vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987) (retirado do blogue smartinho.blogspot.com)

Posto isto, aqui vai a minha contribuição para esta tradição:

Se S. Martinho adivinhasse,
deste mundo seu desvario,
talvez sua capa não cortasse
e o pobre morresse de frio!

O que vejo, com muita pena,
é que neste mundo, civilizado,
são os de capa mais pequena
que dão sempre maior bocado!

Esperto, usando manha,
aproveita, o Zé povinho.
Vai comendo a castanha
bem regada com vinho!

Do Algarve ao Minho
nunca estará só, o Zé!
E, se lhe faltar o vinho,
vai mesmo com água pé!

A castanha assada,
ou seja ela cozida,
sempre bem regada,
é com boa bebida!

Seja crua, ou pilada,
ou vinda do assador,
deve ser bem regada
e o tinto é o melhor!

Se castanha comer
até ficar enfartado,
com vinho, pode crer
que até cantará o fado!

Claro, se castanha comer
e se ficar bem entornado,
de tudo o que acontecer
é São Martinho o culpado.

E se acabado o magusto
nem se conhecerem os pais
não é motivo para susto
que para o ano há mais!

Até o São Martinho,
para mitigar sua dor,
bebeu, só um copinho,
e do frio se fez calor!

Passado o efeito do vinho,
o povo mostra sua devoção,
e agradece a São Martinho
ter feito, do Outono, Verão!

Bebam mas, moderadamente,
senão, ai, ai, perdem a razão!
E depois, pr’ó ano, minha gente,
o S. Martinho não traz Verão!

Nota de pé de página:
Foi com grande satisfação que hoje presenciei vários grupos de crianças de infantários que foram levadas a comer castanhas assadas em plena rua, junto dos assadores e não dentro das paredes dum qualquer edifício. E fiquei satisfeito porque não vi algazarras, era tudo em ordem e naturalidade o que me deu a ideia de que, afinal, este país ainda não está perdido. Por outro lado foi bom ver que se pretende manter as nossas tradições e não festas como o Dia das bruxas e quejandos!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Blogagem Colectiva "Na minha terra come-se bem"

Terminada a Blogagem dedicada ao tema “Na minha terra come-se bem”, verificada a votação dos vários textos e a apreciação do júri, foram os seguintes os resultados:

Votação

- Fernanda Ferreira : “Debulho de Sável”, 84 votos
- Catarina Price Galvão: “Come-se bem em Monsanto “aldeia mais portuguesa”. Aldeia tão portuguesa”, 25 votos
- Sandra Andrade: “O maravilhoso parque de Jaraguá do Sul”, 21 votos
- Manuela : “Na minha aldeia”, 14 votos
- António Regly : “Feijoada à Brasileira”, 9 votos
- Alcinda Leal : “Manjares dos deuses”, 5 votos
- “Cusca Endiabrada : “Mexilhões machos”, 5 votos
- Pascoalita : “Grelos à pobre”, 5 votos
- Acácio Moreira : “Nas Beiras, come-se bem…”, 3 votos
- Dina : “Sabores de saber herdados, passados de mãe para filha”, 3 votos
- Dina : “Sabores de saber herdados. Açorda alentejana”, 2 votos
- Henrique Antunes Ferreira : “A cozinha morena da “minha” Goa”, 1 voto
- Joana : “Eu e as panelas”, 1 voto
- João Celorico : “Na minha terra, come-se…”, 1 voto
- Artur Couto : “Na minha terra come-se bem”, 0 votos
- Júlia Galego : “Sopa de beldroegas”, 0 votos

Prémio de Melhor Texto – Fernanda Ferreira, com o texto “Debulho de sável”
Prémio de Melhor Bloguista: Elvira Carvalho
Prémio de Melhor Comentário : Acácio Moreira

As minhas felicitações vão para todos os participantes, comentaristas incluídos e, em especial, para os vencedores.

Desta vez e por motivos óbvios, devidamente explicados no meu outro blogue ( “Salvaterra e eu” ), apenas agradeci os comentários ao meu texto e elaborei uns versos que aqui transcrevo:

Eh, pá! Há, aqui, cada manjar!
Alguns, é de “enfarta brutos”!
Mas, cá estou, para os ajudar.
Tomem lá, meus sais de frutos!

Num Mundo tão esfomeado
e tanta gente a morrer,
na blogagem, engraçado,
é tudo a falar de comer!

Por isso, cá bem no fundo,
eu gostava mesmo de saber,
será que a fome no Mundo
é coisa para se esquecer?

E esta! Eu não consigo,
nem posso, ficar calado!
Ó António, caro amigo,
a gula já não é pecado?

Se, por acaso, ainda for,
não fique tão assustado!
Peça perdão ao Senhor!
Por mim, está perdoado!

Pr’ó que me havia de dar,
nesta blogagem da Aldeia,
eu vir para aqui comentar
mas, de barriga bem cheia.

Mas, afinal, quem sou eu?
Qual é, então, o meu nome?
-:Sou alguém que já comeu
e agora já não tem fome!

Igualmente coloquei um verso no texto de Catarina Price Galvão: “Come-se bem em Monsanto “aldeia mais portuguesa”. Aldeia tão portuguesa”, onde coloquei o meu voto:

Mesmo sem nada comentar
vou deixar um voto. Só!
Por isso aqui vai ficar,
na terra da minha avó!

E, foi tudo quanto à minha participação nesta blogagem!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Moscatel, feito pelo pai do Zé em 1944

Anónimo disse...
Dizem que dos atrasados não reza a história, mas estão falando dos mentais. Mesmo assim há para aí cada um que temos de aturar...
Pois o seu texto é atrasado sim, mas no tempo. "Portantos", cá vai o meu reles comentário!


O vinho tem triste sina!
Zé do Cão, meu “bom” menino,
o Zé, viu Dona Cesaltina
mas, esta fazendo o pino!

Desde o Algarve ao Minho
todo o vinho é como é!
Agora já ia um copinho
do vinho do pai do Zé!

Precisa um segredo guardar?
Venha cá que o Zé não mente.
Podemos, todos, nele confiar.
Fica a sabê-lo toda a gente!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Gastronomia e Vinhos: enogastronomia

Anónimo disse...
O meu comentário não sei se vai avaliar ou ser avaliado! Tenho um medo da escola que me pelo!


Este texto, não vou comentar.
O que está assim, fica assim.
É que tenho medo de chumbar,
e depois, que será de mim?

Eu, pegar no dicionário?
É estranha ideia, “meu”.
Tenho no meu vocabulário,
o esternocleidomastoideu!

A Gastronomia e o vinho,
comigo, não há que enganar.
Só que eu nunca adivinho,
que irá ser o meu jantar!

O amigo, eh lá, é docente!
Eu, escola, já não concebo.
Faz-me logo ficar doente.
Já, quase nem vinho bebo!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Eu e os vinhos

Anónimo disse...
Para o seu texto (com cábula, mas vê-se que estudou) vai a minha avaliação. Continue e não tenha medo de dizer a verdade. Eu também não sei nada e olhe para isto, pareço um "expert"!

Até que enfim, apareceu
quem não percebe de vinhos.
Está mesmo, tal como eu.
Agora, não estou sozinho!

Mas fala de vinho, bastante,
e, sem que ninguém o note,
foi direitinha à estante,
a um livro da Don Quixote!

“Vinhos de Portugal”,
só pode falar de vinho!
Ao acabar, não fará mal,
beber, só um copinho!

João Celorico
23 de Setembro de 2009 21:40

Vinho de Mêda, ou sumo de uva?

Anónimo disse...
Para alguém que trocou a heroína pela filha do Heroíno. E, fez bem! É d'homem!


Sumo de uva! Também faço
e fino, tudo do melhor
e sem mosto nem engaço.
Basta-me um espremedor!

Se quiser coisa melhor,
coisa mais afinada,
basta-me um passador
e varinha electrificada.

Fica tão bom e docinho
que não faz nada mal.
É saúde, não é vinho,
e é só sumo, afinal!

Também não lhe minto.
Nunca deixo o copo a meio
seja branco ou seja tinto
é preciso é copo cheio!

Para mostrar as habilidades
e nos vinhos ser o primeiro,
vou às Novas Oportunidades!
Quem manda, é o “inginheiro”!

Na casa do senhor Heroíno
este senhor nunca falhava
é que uma falha, o menino,
já por lá catrapiscava!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Bebida indigesta

Anónimo disse...
Olha p'ra ela! Diz que não tem votos! Prove do mesmo que eu já provei. Mas, eu queixei-me à Comissão Nacional de Eleições e envergonhei o pessoal de tal maneira que agora já me andam a seguir. Desconheço as intenções! Faça o mesmo, amiga e tome lá um votozito!


Será que terão pensado
que aquele famoso elixir
teria dentro misturado,
pozinhos de fazer rir?

Uma história como há poucas
que até mete alambique
merece que às cabecitas loucas
umas quadras lhes dedique.

Agora está diferente
pelo que se vê e se sente
já não bebe aguardente,
dá dentadinhas na gente!

Sim, está diferente,
está mais endiabrada,
dá dentadinhas na gente
mas, já não doem nada!

Era mais do que esperado!
Meter-se com o alambique
só daria, como resultado,
o”barquinho” ir a pique!



Esta estória é animada!
Não digo que já ganhou!
O meu voto não vale nada.
Mesmo assim, eu lho dou!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Barca Velha

Anónimo disse...
Também o meu comentário foi objecto de grande e aprofundado estudo e tem certificado de origem. À nossa!!!

Texto com muita ciência
mas que dá que pensar.
É preciso ter paciência
e, bebê-lo bem devagar!

É uma grande explicação
de vinhos, dos melhores.
Importante dissertação,
digna dalguns doutores.

Barca Velha, fosse Nova,
o rótulo pouco interessa.
Todos terão a sua prova,
nada é feito à pressa.

Garrafas da antiguidade
e, decerto muito caras,
servem como curiosidade
apenas por serem raras.

Cumpre-me esclarecer,
e esta ideia é minha,
bom vinho, para beber,
é este da Ferreirinha!

Também esta, que me saiu,
lá vai, à minha maneira.
Foi mesmo você que pediu
um cálice de Porto Ferreira?

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Vinho do Caxias, Brasil

Anónimo disse...
Se em Caxias, cá em Portugal, se produzisse vinho, talvez muitos não tivessem lá entrado e outros não quisessem de lá sair!
A língua portuguesa e os nomes, têm destas coisa. Mas, reverentemente, sr. Duque receba o meu comentário.


É um vinho, sem bravata,
e também sem um truque,
é um vinho aristocrata,
é fidalgo e já é Duque!

É um vinho, entre mil,
que aqui não fica mal.
É um vinho do Brasil,
podia ser de Portugal!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Dou-me bem com ele

Anónimo disse...
Este comentário é de almanaque e quase anti-alcoólico!

Diz com ele dar-se bem.
E porque não havia de dar?
Uma pinguinha cai bem,
serve para a alma animar.

Mas, agora, vejam bem
o que pode acontecer.
Dizer que nada tem
mas, gostava de ter!

Estão a ver, amiguinhos!
O vinho não faz nada mal!
Basta falar dos vinhos,
só nas páginas do jornal!
João Celorico
23 de Setembro de 2009

O néctar do Alentejo que me caiu no goto...

Anónimo disse...
Este, é fácil de adivinhar! É um comentário meu!

Este amigo é um luxo,
como podem constatar,
até parece que é bruxo,
quase só basta cheirar!

É bom o Porta da Ravessa
mas, amigo, tenha cuidado!
Se beber muito e depressa
vai entrar na porta ao lado!

Mas, foi num casamento
e a festa era animada.
Será que, até ao momento,
não tinha bebido nada?

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Memórias e preocupações da vinha e do vinho

Anónimo disse...
Para a história do vinho, aqui vai:

Memórias do vinho,
preocupações da vinha.
Em ambos eu alinho.
Quem é que não alinha?

Sem ler essas memórias
tudo nós esqueceríamos.
Havia vinho sem histórias
e da vinha nada sabíamos.

Há para aí muita gente,
do vinho sem preocupação.
Aqui tudo é diferente.
Aqui até há a APARDÃO!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

As vindimas no tempo certo

Anónimo disse...
Um comentário "terra a terra" para quem trabalha e sofre com o que a terra lhe dá!

“A Terra o deu”, a muito custo,
mas é dele que os homens comem.
Depois de trabalho e muito susto
quem se regala é o “outro Homem”!

Não, aquele que o trabalhou
e lhe deu o suor do rosto.
Sim, aquele que o comprou
e, dele, só sabe o gosto!

Aquele que o trabalhou
com desvelo e carinho,
só parou, e descansou,
se o chamou “seu vinho”!

E por aqui se poderá ver
como é outra a história.
Só quando o “seu” beber,
alcança a “sua” vitória!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Aprenda a escolher o vinho ideal para acompanhar uma refeição com os seus amigos

Anónimo disse...
Espero que, tanto o branco como o tinto, não estraguem o meu comentário!

Será branco, será tinto?
Preciso um grande estudo.
É verdade! Eu não minto,
só sei é que troco tudo!

E a outra, a aguardente?
Quando é que a gente a bebe?
Será com uma comida quente
ou com uma comidinha leve?

E que tal, o peixe assado,
saído do forno, bem quente?
Esse é preciso o mestrado,
tirado na Independente!

E se for com vinho afamado,
bebido até ao último pingo?
Tenho de tirar o mestrado,
de preferência ao domingo!

Os brancos ideais para isto,
tintos melhores para aquilo.
Eu, não quero saber! Desisto!
Para mim, é igual ao quilo!

O vinho em taças maiores
ou nas pequenas bebido,
é uma questão de valores.
É conversa sem sentido!

E para tudo esclarecer
e terminar este enleio,
meus senhores, vamos beber.
Para mim, o copo é cheio!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Memórias ligadas à vinha

Anónimo disse...
Espero que este comentário, mas sem grande convicção, tal como o vinho, seja de excelente qualidade!

Ora até que enfim,
uma opinião entre mil,
que hoje, isso sim,
há exploração infantil!

Cultiva-se a brincadeira
e a irresponsabilidade!
Quer se queira ou não queira
é esta a grande verdade!

Deixemos falsos pudores
e vamos todos pensar bem,
o trabalho, meus senhores,
nunca fez mal a ninguém!

Para um mero hortelão
fazer tamanha colheita,
foi grande a animação
e, foi muito bem feita!

E quando digo tudo isto,
eu estou bem à vontade.
Por isso, torno e insisto.
Tudo, excelente qualidade!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

O Barão de Nelas e a sua Quinta

Anónimo disse...
Para tão ínclito vinho, aqui vai o meu modesto contributo.

Jaén, Alfrocheiro e Touriga
e, além destes, a Tinta Roriz.
Dumas, mal não há quem diga
doutra também mal não se diz.

O vinho cresce lentamente
mas, vejam, o produto final
alegra o coração da gente
e ganha um prémio mundial.

Mas que grande confusão,
esta é que é de estouro
dão, a um vinho do DÃO,
pasmem, medalha “D’OURO”!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

As minhas vindimas na minha garotice

Anónimo disse...
Receba o meu curto comentário:

Vales montes e Quintas
tudo nas vindimas é uva.
De cor, brancas ou tintas
pedem mais sol que chuva.

Pode o rótulo ser artístico
mas para o vinho ser melhor
além do sabor, característico,
do corpo do povo leva o suor!

Por fim, quem isto assina,
ao trabalho dando valor
dá pelo nome de Carina
e eu não diria melhor!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

A brincadeira que acabou mal...

Anónimo disse...
Cá vai o meu sedativo para a picada do lacrau!

A Joana conta a história
de uma hora de aflição
pois lhe ficou na memória
a imagem do escorpião!

Mordeu na prima o escorpião
eu faço ideia o que lhe doía
e, se foi grande a agitação
maior terá sido a gritaria!

Foi no hospital que acabou
esta tão difícil provação,
depois, depois, tudo passou.
Será que só ficou, o sermão?

E quantas saudades, decerto,
ainda terão daquelas lides
dormirão, disso estou certo,
mas não debaixo das vides!

Porque não fugiu o lacrau?
Com tão grande gritaria,
coitadinho do bicho mau!
Eu, garanto que fugiria!

Iam trabalhar e contentes!
Não tinham outro remédio.
Sem vindima, aquelas gentes,
morriam de fome, ou de tédio!

Nisto de vinho, para beber,
há sempre causa e efeito.
Aqui, ficámos sem saber
se o vinho era de jeito!

E o texto, podem crer,
acaba muito depressa.
A Joana não quer saber.
Só o bicho lhe interessa!

João Celorico
23 de Setembro de 2009

Intróito aos comentários

Dizia eu, no dia 23 de Setembro

Anónimo disse...
Desculpem, qualquer coisinha! Fui pôr o meu intróito um bocadinho mais acima! Por isso aqui vai, novamente. Eu bem digo que isto não está bom. É muito movimento, para a minha cabeça!!!


Ó da casa! Posso comentar, posso?
As minhas desculpas, principalmente aos meus "seguidores". Se aqui não tenho estado é porque não tenho podido. Eu avisei-os! Ponto final!

Para se entreterem, aqui lhes envio o meu intróito aos comentários que a todos farei. Aguardem só mais um pouco. Está bem?

Já a Salazar se ouvia dizer
e, disse-o até muitas vezes.
É o vinho, quem dá de comer
a um milhão de portugueses!

Se em terra de invisuais
quem tem um só olho é rei,
aqui estou eu, sem mais,
comentando o que não sei!

As ideias são minhas,
vai tudo no mesmo saco,
os vinhos e as vinhas
e os amantes de Baco!

Nisto de vinho eu acho
é que, quem dele beber,
pode ficar “borracho”
ou, apenas entontecer!

Por aquilo que aqui topo
meus amigos, podem crer,
é que nem é preciso copo
o que é preciso, é beber!

De uvas crestadas ao sol
fala esta blogagem animada.
Para alguns, é tudo “briol”,
para outros, aquela “pomada”!

Até nas cantigas, o vinho,
se sobrepõe à linda vinha.
Os homens pedem um copinho
mas, que o traga a Clarinha!

E se, muito amavelmente,
os comentários me pedem,
espero que toda a gente
com eles se embebedem!

Depois de comentar
e beber “à maneira”,
vou-me já retirar,
e curtir a bebedeira!

E, após bem visto, tudo,
vamos a ver que o prémio,
como partida de Entrudo
vai parar a um abstémio!

Por vezes nos meus versos
a musa nem sequer poisa.
Por isso eles vão dispersos,
e não digo coisa com coisa!

Divirtam-se, que eu vou continuar o trabalho!

Bem hajam, por ainda não terem corrido comigo

João Celorico

Blogagem colectiva de Setembro no blogue "Aldeia da minha vida"

No mês de Setembro decorreu uma Blogagem Colectiva no blogue "Aldeia da Minha Vida". A exemplo das anteriores, houve grande participação se bem que esta última, dedicada a "Vinhos e Vindimas", fosse mais para especialistas do tinto, do branco e dos néctares especiais do que para o "homo vulgaris". Mesmo assim bebeu-se bem, talvez até demais, e só agora é que chegou a comidinha (os pitéus). Neste mês de Outubro terá lugar a Blogagem Colectiva com o tema "Na minha terra come-se bem".
Espera-se que a participação, sã concorrência, seja animada!
Como dizia, a Blogagem que agora terminou teve os seguintes vencedores:
Melhor post: Fernanda Ferreira, com o texto "Barca Velha"
Melhor comentário:Willoughby, que concorreu com o magnífico texto "As vindimas no tempo certo"
Melhor bloguista: Vejam só, este vosso amigo, feito bloguista à força!

Aos outros vencedores (quem é que não terá ganho?) envio as minhas felicitações e à organização, continuação de boas blogagens. (Já devo ter dito isto mais vezes).
Um aviso, que eu também tomo, o vinho é para beber, mas com cuidado!!!


Agora vou apresentar os comentários que a todos os trabalhos (sem excepção) eu resolvi fazer, não sem que antes tenha endereçado à organização aquilo a que me propunha e quais os meus atributos. Aí vão eles! Se quiserem ler e comentar, façam favor!
Bem Hajam

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Na minha terra come-se...















Preparando o almoço do Bodo da Festa de Nossa Senhora da Consolação
(Com a devida vénia, foto retirada de http://seraiana.blogs.sapo.pt/)


Claro que podia aqui falar de “Laburdo”, “Miolos com rins”, “Ensopado de borrego”, “Jantar da Matança”, “Chanfana” e outras iguarias. Deixo isso para os gastrónomos. Eu como, para viver, não vivo para comer! Mas, não tenho nada contra quem é da opinião contrária!

Na minha terra come-se bem? Eu diria que nem bem, nem mal! Come-se!
Hoje em dia, época de globalização, come-se o que se come em quase todo o lado, é preciso é ter dinheiro.
O que posso dizer é, como se comia antigamente. Comia-se o que a terra dava, que era bem pouco. Alimentação à base de pão, principalmente de trigo mas, também algum de centeio. O pão entrava (entra) em tudo! Eram as “migas” de alho, de batata, de pão tostado ou o “gaspacho”. Os legumes, grão e feijão; poucos vegetais, couves e feijão “carrapato”; batatas e algum arroz, vinham a seguir. Carne, além dumas “pitas” destinadas principalmente à produção de ovos, só de ovino, caprino e porco, que o gado bovino, pouco, era só para trabalhar ou para dar leitinho. Umas cabrinhas, umas ovelhas e uns “bácoros” quase todos tinham.
Peixe, era um quase nada. O Erges dava uns peixitos, bogas, bordalos e pouco mais, pequenos no tamanho mas fartos em finas espinhas. Sardinhas, apesar de já deverem algo à frescura, conservadas em sal, eram um pitéu e, dizem que uma dava para três.
Então, como dizia, ele era pão com tudo, com queijo (que bom), com azeitonas (retalhadas e postas a adoçar na “talha”), com chouriço ou toucinho (as farinheiras e morcelas, eram cozinhadas).
Os pratos cozinhados, eram à base de grão, feijão, batatas e cabrito, borrego ou porco.
Gulodices, para os mais “lambinos”, só em dias de festa. Nos outros dias, uma fatia de pão, molhada e barrada com açúcar, ou quente e pingada de azeite (do puro) que substituía a manteiga e com vantagem pois era gordura vegetal! Também as crianças, ainda de peito, tinham as suas chupetas feitas dum trapinho enrolado que era molhado e embebido em açúcar, para que sossegassem as suas rabugices.
Nos dias de festa, o “arroz doce”, artisticamente polvilhado com canela, fazendo cruzes ou desenhando as iniciais do artista e a “aletria”, faziam as honras da casa.
Outras pequenas grandes alegrias da pequenada, eram o “coalho” e a espuma do leite de cabra ou ovelha, acabado de ordenhar, sujando só os “beiços” e fazendo-lhes uns “bigodes”!
E também o toucinho, na masseira, onde eu, mal me tendo em pé, metia as mãos, comia e inocentemente dizia ao meu irmão, mais velho, para que comesse porque eram batatas.
Fruta, era só a da época e da região. Por isso, resumia-se quase à melancia, ao melão, aos figos, talvez laranjas e algumas uvas (“gatchos”), pêssegos (“malacatões”) e “marguedas” (romãs). Depois, havia alguns extras, tais como as “bolêtas” e os “figos tchumbos”, as primeiras, cruas ou assadas e os figos que, apanhados com uma tenaz e metidos num balde com água, para amolecer os picos, lá se cortavam e se lhes retirava a pele. Estes eram docinhos mas com muitas grainhas e era normal que provocassem grandes dores de barriga e prisão de ventre a quem deles abusava.
E era com esta frugal alimentação que viviam as mulheres e homens que trabalhavam de sol a sol, abençoando a terra e causando a admiração de quem, hoje, tem mesa farta e variada!
Bom apetite!



( É este o texto que eu apresento na Blogagem Colectiva do blogue "Aldeia da Minha Vida". Se quiserem ler mais textos interessantes é favor dirigirem-se a aldeiadaminhavida.blogspot.com e deliciarem-se com os pitéus. O vinho já está na mesa. Chegou o mês passado!)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Às romarias

Nossa Senhora da Livração
e também o Senhor do Monte
é tudo, tudo, animação
e não sei que mais vos conte!

Pessoas, são milhares,
e a festança é animada.
Esquecem-se os azares
e a devoção é aumentada!

Pode-se comer e beber
e também cantar ou dançar
mas, estranho, tem de ser
sem a ninguém incomodar!

Pois esta festa aberta,
onde não se paga nada,
e em que tudo é oferta
deve ser muito engraçada!

Então, não se paga nada?
Amigo, isso era dantes!
Ela é paga, e bem “pagada”,
nas barracas dos feirantes!

Mas, fico bem satisfeito,
pelo que a prosa reza!
O casamento, é perfeito,
entre Homem e Natureza!

A procissão, é majestosa,
as bandas, fenomenais,
a vestimenta, rigorosa,
o que haverá ainda mais?

João Celorico
2 de Setembro de 2009 2:49

À Pedra da Cavaleira

Festa e bailarico
e é tudo, afinal.
Eu, por aqui me fico
e já não está nada mal!

Missa e procissão,
o programa é rico.
Primeiro a devoção,
depois o bailarico!

Texto nem bem, nem mal,
e sem muito para dizer.
Dizendo o essencial,
todos ficamos a saber!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 2:09

Uma breve pausa...

Para meter foguete e morteiro
tem de ser uma festa de truz
mas nesta, o interesse primeiro,
é inundar tudo, tudo, de luz!

Luz, luz e muito Amor,
essa é a grande Verdade,
e as preces ao Senhor!
Este, O Jesus da Piedade!

Cumpre-me agora parar,
fazer uma breve pausa.
Lágrimas que correm devagar,
decerto são por nobre causa!

Se estar longe dá saudade,
então é verdade, decerto,
que só se mata a saudade,
do longe se fazendo perto!

João Celorico

Ao culto da Senhora da Nazaré

Em Alcainça, o S. Miguel,
é como a galinha da vizinha.
A festa da Senhora da Nazaré
é sempre melhor que a minha!

Tão grande é esta devoção,
que para orgulho deste povo,
lá vai mantendo a tradição
neste Portugal sempre novo!

Um cortejo assaz moroso,
este, da Senhora da Nazaré.
E, deve ser muito doloroso,
para os que o fazem a pé!

Festa durante 10 dias
e sempre, sempre, animada.
Percorre 17 freguesias
numa longa caminhada!

É uma boa descrição
e um texto conciso,
fala-nos de devoção
e nada mais é preciso!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:57

Para as Festas do Barreiro...

Amiga “camarra”! Afinal,
por sua escrita, não peca!
Seu mestrado não lhe fez mal,
apesar de tirado na “seca”!

Li tudo e eu lhe digo,
não está mesmo nada mau.
São palavras de amigo,
sem cheiro a bacalhau!

São estórias de antigamente
que a juventude desconhece.
São as histórias de gente
com menos do que merece!

Sem que faça disto alarde,
e sem nada eu pretender,
talvez um dia, mais tarde,
eles pensem e vão perceber!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:49

À festa de Arrentela...

Até o nome desta terra
causa grande confusão
mas isso não emperra
a escrita ao Zé do Cão!

Fala do Beato de Santa Maria
e o tom já sobe um bocado
pois não vai longe o dia
em que Nuno foi canonizado!

E que tal, aquelas bandas?
Meus senhores, vejam só!
Puseram tudo em bolandas,
depois, tocaram sem “Dó”!

E foi assim, desta maneira,
que se acabou. Tudo em bem!
Acabou-se a brincadeira!
Não há coreto p’ra ninguém!

E as fragatas do Tejo,
quando o tempo amaina,
ainda hoje eu as vejo,
mas não na sua faina!

Hoje, são só para passear
nas doces e calmas águas.
Não são para transportar
fragateiros e suas mágoas!

Bom texto, sim senhor,
este sobre a Arrentela
e a minha rima seria melhor
se feita ao Zé da Cadela!

João Celorico


2 de Setembro de 2009 1:39

À aldeia do Esporão

Mas que aldeia esta!
É das outras diferente.
Até consegue ter festa,
o que não tem, é gente!

Só 57 habitantes
e cada um é residente,
terá muitos visitantes
e, isso, já é muita gente!

Quando a capela se construiu,
aquilo que eu vejo, e anoto,
é que, por S. Miguel, não caiu
nem pedra, pelo terramoto!

Mas a esta aldeia de Esporão
eu digo ao turista que venha!
Pois, é digna de admiração!
Não há nada que não tenha!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:31

Para a fogueira da noite de Natal...

Que texto tão pequenino
para falar de saudades.
Não fala do Deus Menino,
fala, sim, de amizades!

Vendo bem e olhando o texto,
eu nem sei o que lhe diga!
A saudade faz pretexto
só para encher a barriga!

Mas quem é que acredita,
assim nesta prosa enxuta?
Primeiro enche a “barriguita”
e depois vem um ano de luta!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:23

Para as festas da Senhora da Agonia...

Na Senhora da Agonia,
tudo o que a envolve é belo!
Tão linda é a romaria,
como Viana do Castelo!

Há um século classificada,
como sendo grande romaria,
pelas gentes é celebrada,
a festa da Senhora da Agonia!

Digo isto sem acinte!
Que festa tão “bacana”!
E, oxalá que o dia 20
não calhe ao fim de semana!

As mordomas são solteiras!
Olha a grande admiração!
As casadas foram as primeiras
a provar sua devoção!

São grandes festas, podem crer!
Mas se são as maiores ou não,
tal não sei, nem quero saber.
Deixo-o à vossa consideração!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:18

Para o Carvalhal do Sapo

Apesar desta situação,
levar à desertificação,
lá vem, o São João
amigo, deitar a mão!

Desse mal se queixa muita gente
e, para ir mantendo a tradição
aqui não pode ser diferente,
há que festejar o São João!

A festa, agora, é 1 dia
mas, sem quês nem porquês,
é tanta, tanta, a alegria
que até parece serem 3!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:45

Para os rituais de Inverno

Até à força recorrendo,
os caretos brincalhões,
é assim que vão vivendo,
tudo, tudo, aos encontrões!

A ordem e o respeito,
impostas por quem o não tem,
não me parece bem feito
e não fica nada bem!

Parece-me um pouco mal,
apesar de ser no Entrudo,
porque bem visto, afinal,
isto, não pode valer tudo!

É, pois, naquela mascarada
que se divertem os rapazes.
Fazem-no de cara tapada,
às claras não são capazes!

E, é assim que a tradição
lá se vai mantendo viva,
para bem duma profissão,
e ela se mantenha activa!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:28

Para a Terra de Seguirei...

Ele, não há terra como esta,
neste cantinho transmontano.
É sempre festa e mais festa,
está em festa todo o ano!

Entre a Galiza e Vinhais,
entre Vinhais e a Galiza,
sua vida são arraiais
e de mais não precisa!

Orgulha-se dos valores
e muito das tradições.
E isso, meus senhores,
toca nossos corações!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:18

Para a Castanheira da Serra

Vítimas do isolamento
e da interioridade.
É quase o sentimento
de quem vive na cidade!

Vítima de incêndios florestais,
é como em todo o país!
Descanse que não arde mais!
É o governo quem o diz!

A emigração para França,
durante o Estado Novo,
criou alguma esperança
neste humilde e pobre povo!

É bonito, com toda a certeza,
e sempre tão agradável ver,
o que é a natural beleza,
o silêncio, e o bem receber!

À “Fonte dos Namorados”,
que é ideal para namorar,
para alguns, mais ousados,
nem é preciso lá chegar!

Reservada e escondida?
Como são as coisas raras?
Isso já não é desta vida,
já se faz tudo às claras!

Na fonte da “Palaia”,
depois duma patuscada,
é bom que ninguém caia.
Pode morrer afogada!

A Comissão, qual ministério,
sendo devidamente eleita,
leva tudo muito a sério
e apresenta obra feita!

Ai, Castanheira da Serra,
perdida na Serra do Açor,
hei-de ir a essa terra,
desde que não faça calor!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:12

À festa do Senhor do Calvário...

Que um comentário
lhe deixe foi a tarefa pedida,
por isso, amigo, não se queixe
se não for à sua medida!

Voltas e voltas à cabeça
e melhor coisa não me sai.
Mesmo que, amigo,
não mo peça,
o meu comentário, ele cá vai!

Festa de beleza tamanha,
ali p’rás bandas do Dão.
Mas, que atitude estranha
na Primeira Comunhão!

Para quê alguém vestir
de vermelho uma criança
se eu estou farto de ouvir
que é o verde a esperança!

Também lhe digo mais,
sem ser inconfidência,
não somos todos iguais,
nem mesmo na aparência!

Porém, o que se pode retirar
daquilo que o seu texto emana
é que ao homem pode-se enganar,
mas a DEUS, ninguém engana!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:05

Para a festa do Tabuleiro de Tomar

Que um comentário
lhe deixe foi a tarefa pedida,
por isso, amigo, não se queixe
se não for à sua medida!

Voltas e voltas à cabeça
e melhor coisa não me sai.
Mesmo que, amigo, não mo peça,
o meu comentário, ele cá vai!

É um ritual pagão,
feito de 4 em 4 anos,
com a oferta do pão
feito pelos humanos.

Pode ser muito engraçado,
todo este pão para ofertar,
desde que não seja obrigado
a ter de, à cabeça, o levar!

Com 22 quilos à cabeça,
lá vão aquelas almas
e que ninguém lhes peça
para baterem as palmas!

Talvez seja muito bonito
quando, numa foto, se pega
mas eu cá não acredito
seja para quem o carrega!

É uma festa e tanto.
É só cortejos e, depois,
até o Espírito Santo,
esse, também tem bois!

Agora, só o que me resta,
é marcar bem na agenda,
pois, para a próxima festa,
já há bilhetes à venda!

João Celorico
1 de Setembro de 2009 23:59

Bodo de Salvaterra do Extremo
















"Num ermo, pertencente à freguesia e concelho de Salvaterra do Extremo, chamado de Monfortinho, ergueu-se nos princípios do século XVII ou ainda antes (não se sabe ao certo), um convento franciscano e com ele, uma capela devota a Nossa Senhora da Consolação.
Com o fim da dominação filipina, vieram as guerras da Restauração da Independência e a completa destruição do convento. Restou apenas a capela e manteve-se a devoção das gentes das redondezas. Sabe-se que, em 1758, essa devoção era celebrada no dia de N. S. dos Prazeres e que era em intenção de que a Senhora livrasse os campos das pragas de gafanhotos. Porém, no século XIX, por alturas da década de 70, a praga de gafanhotos foi tal que provocou enorme destruição nas culturas e originou uma vaga de fome nas populações.
Basta dizer que, no dia 2 de Junho de 1876, 30 pessoas, em 45 minutos, apanharam 60 alqueires deles!
Nos concelhos de Elvas, Salvaterra do Extremo (hoje Idanha-a-Nova) e Figueira de Castelo Rodrigo, foram então apanhados 44.400 kg de gafanhotos!
Pediu-se, mais uma vez, a intercessão de Nossa Senhora da Consolação e prometeu-se fazer um Bodo em sua honra. As preces foram ouvidas e, todos os anos, na segunda-feira, de Pascoela, quer chovesse ou fizesse sol, era ver a romaria que, de Salvaterra do Extremo, se dirigia para o lugar de Monfortinho percorrendo, por aqueles campos fora, as cerca de 3 léguas de caminho, a pé, a cavalo ou de carro, levando cruzes, pendões e a bandeira do Espírito Santo, à frente, para cumprir a promessa e agradecer a Nossa Senhora.
Diz a tradição que faziam uma paragem para retemperar forças, num sítio denominado Vale do Pereiro, e onde além de se servirem dos seus farnéis (pão e vinho não faltavam), tinham um costume curioso, qual era o de que os maridos com suas mulheres e os namorados com suas conversadas se abraçarem e entrelaçando as pernas se rebolavam desde o cimo até ao fundo do Vale. As mulheres, que não se prestassem a tal prática, deviam ser lestas a sentar-se para não serem abraçadas pelos maridos ou namorados, caso contrário teriam que se sujeitar à mesma.
Os produtos da terra e o gado para a matança e confecção do Bodo era oferta de todos, lavradores, pastores, patrões e criados.
Entretanto, em 1846, a fortaleza de Salvaterra tinha sido desguarnecida e em 1855, Salvaterra tinha deixado de ser concelho. Em suma, a importância de Salvaterra, passadas que foram as guerras com Castela, entrou em queda! Foi então que, em 1905, um grupo de lavradores de Salvaterra, entendeu que a festa devia ser em Salvaterra e não no pequeno lugar de Monfortinho. Fez erguer, das ruínas do que fora a ermida de Santo Amaro e mais tarde do Senhor de Pedra, no sítio da Devesa, a capela de N. Senhora da Consolação. Após uma acesa disputa com os de Monfortinho, estes não estiveram pelos ajustes e a conclusão ditou que em vez dum Bodo se fizessem dois. Todos ficaram a ganhar! A Senhora, que lhe fazem duas festas, e o povo que come a dobrar, em Salvaterra, agora na 2ª feira a seguir à Páscoa (alteração devida aos ritmos da vida moderna, principalmente férias escolares) e em Monfortinho uns dias depois!
A festa, durante 3 dias, consta de “Boas vindas” e arraial pela noite dentro no primeiro dia; alvorada, início da matança do gado, as populares provas desportivas, lanche com prova dos rins e de novo o arraial nocturno, no segundo dia; por fim, no terceiro dia, haverá alvorada com banda filarmónica percorrendo as ruas de Salvaterra, pequeno almoço (arroz de tripas e chanfana). Segue-se a Procissão, desde a Igreja Matriz para a Capela de Nossa Senhora da Consolação onde se celebra a Missa e se procede à Bênção do BODO, após o que se dá início ao almoço (Sopa de grão, arroz com chouriço e o ensopado de borrego) devidamente acompanhado do tinto e do belo pão (previamente benzido). À noite continuam os festejos até ao seu encerramento e despedidas até para o ano seguinte.
A título de exemplo, em 1999, consumiram-se 1.300 Kg de carne, 200 Kg de arroz, muitos outros de massa, grão de bico, enchidos, azeitonas, hortaliças, pão, bolos e 7.000 litros de vinho tinto.
E é deste modo que se faz a reunião dos filhos da terra, os residentes (poucos) e os que não a esquecem nem a ela nem a Nossa Senhora da Consolação e sempre voltam, todos os anos. Também os vizinhos, espanhóis de Zarza la Mayor, não se esquecem desta festa nem dos tempos em que, durante a Guerra Civil, os amigos deste lado do Erges lhes valiam e mitigavam a fome. Talvez também por isso a Feira de S. Bartolomé, a 23 de Agosto, na Zarza, seja igualmente tão do agrado dos salvaterrenhos.
Mas vai sendo cada vez mais difícil arranjar festeiros e já é a igreja que tem deitado mãos à obra.
E é assim que se mantém uma tradição secular! "

Escrito por João Celorico

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