Surpresa!!!

Para amigo João Celorico, a Aldeia da minha vida oferece este blogue, para dar voz às suas palavras simples e singelas, e colocar lá no alto vivências mágicas vividas, com a sua terra no coração.

Se é por falta de tempo...ou de conhecimentos para mexer no blogue, não há mal nenhum nisso! Envie as suas criações poéticas e nós teremos todo o gosto em publicar aqui!

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Atenciosamente, Susana

Um blogue cheio de poesia, com cheirinho a saudades de uma terrinha raiana, a Salvaterra do Extremo...e não só!

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Na minha terra come-se bem!


Blogagem Colectiva

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Na minha terra come-se...















Preparando o almoço do Bodo da Festa de Nossa Senhora da Consolação
(Com a devida vénia, foto retirada de http://seraiana.blogs.sapo.pt/)


Claro que podia aqui falar de “Laburdo”, “Miolos com rins”, “Ensopado de borrego”, “Jantar da Matança”, “Chanfana” e outras iguarias. Deixo isso para os gastrónomos. Eu como, para viver, não vivo para comer! Mas, não tenho nada contra quem é da opinião contrária!

Na minha terra come-se bem? Eu diria que nem bem, nem mal! Come-se!
Hoje em dia, época de globalização, come-se o que se come em quase todo o lado, é preciso é ter dinheiro.
O que posso dizer é, como se comia antigamente. Comia-se o que a terra dava, que era bem pouco. Alimentação à base de pão, principalmente de trigo mas, também algum de centeio. O pão entrava (entra) em tudo! Eram as “migas” de alho, de batata, de pão tostado ou o “gaspacho”. Os legumes, grão e feijão; poucos vegetais, couves e feijão “carrapato”; batatas e algum arroz, vinham a seguir. Carne, além dumas “pitas” destinadas principalmente à produção de ovos, só de ovino, caprino e porco, que o gado bovino, pouco, era só para trabalhar ou para dar leitinho. Umas cabrinhas, umas ovelhas e uns “bácoros” quase todos tinham.
Peixe, era um quase nada. O Erges dava uns peixitos, bogas, bordalos e pouco mais, pequenos no tamanho mas fartos em finas espinhas. Sardinhas, apesar de já deverem algo à frescura, conservadas em sal, eram um pitéu e, dizem que uma dava para três.
Então, como dizia, ele era pão com tudo, com queijo (que bom), com azeitonas (retalhadas e postas a adoçar na “talha”), com chouriço ou toucinho (as farinheiras e morcelas, eram cozinhadas).
Os pratos cozinhados, eram à base de grão, feijão, batatas e cabrito, borrego ou porco.
Gulodices, para os mais “lambinos”, só em dias de festa. Nos outros dias, uma fatia de pão, molhada e barrada com açúcar, ou quente e pingada de azeite (do puro) que substituía a manteiga e com vantagem pois era gordura vegetal! Também as crianças, ainda de peito, tinham as suas chupetas feitas dum trapinho enrolado que era molhado e embebido em açúcar, para que sossegassem as suas rabugices.
Nos dias de festa, o “arroz doce”, artisticamente polvilhado com canela, fazendo cruzes ou desenhando as iniciais do artista e a “aletria”, faziam as honras da casa.
Outras pequenas grandes alegrias da pequenada, eram o “coalho” e a espuma do leite de cabra ou ovelha, acabado de ordenhar, sujando só os “beiços” e fazendo-lhes uns “bigodes”!
E também o toucinho, na masseira, onde eu, mal me tendo em pé, metia as mãos, comia e inocentemente dizia ao meu irmão, mais velho, para que comesse porque eram batatas.
Fruta, era só a da época e da região. Por isso, resumia-se quase à melancia, ao melão, aos figos, talvez laranjas e algumas uvas (“gatchos”), pêssegos (“malacatões”) e “marguedas” (romãs). Depois, havia alguns extras, tais como as “bolêtas” e os “figos tchumbos”, as primeiras, cruas ou assadas e os figos que, apanhados com uma tenaz e metidos num balde com água, para amolecer os picos, lá se cortavam e se lhes retirava a pele. Estes eram docinhos mas com muitas grainhas e era normal que provocassem grandes dores de barriga e prisão de ventre a quem deles abusava.
E era com esta frugal alimentação que viviam as mulheres e homens que trabalhavam de sol a sol, abençoando a terra e causando a admiração de quem, hoje, tem mesa farta e variada!
Bom apetite!



( É este o texto que eu apresento na Blogagem Colectiva do blogue "Aldeia da Minha Vida". Se quiserem ler mais textos interessantes é favor dirigirem-se a aldeiadaminhavida.blogspot.com e deliciarem-se com os pitéus. O vinho já está na mesa. Chegou o mês passado!)

4 comentários:

  1. Olá João!
    Venho agradecer-lhe em nome da Aldeia a sua participação com comentários na Blogagem de Setembro.Foi um bloguista do melhor que há e sentimos mesmo o espírito da blogagem através das suas palavras.
    Ah,espero que recebeu o meu mail a propósito do seu texto para a Blogagem de Outubro.Diga-me algo quando puder.
    Jocas gordas
    Lena
    da Aldeia

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  2. Ó João!

    Vamos nos divertir pra valer nesta blogagem Come-se bem... Estou aqui cheio de fome só por causa do que escreveu. Você é mesmo um menino arteiro.

    Abraço do amigo,

    Antonio

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  3. Obrigado João :)
    Vou agendar direitinho o seu texto para a Blogagem.Ah e vou por uma nota para virem aqui ver a versão completa,assim ninguém passa fome e visitam o seu merecido blog :)
    Viva Salvaterra do Extremo!
    Jocas Light e 100% sem açúcar,
    Lena

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  4. Pronto,Amigo João!
    Já está a agenda dos textos na Aldeia.O seu já tem data marcada.Os textos vao ser postados em grupo de dois.Adivinhe quem o acompanha nesse dia?
    Bom fim-de-semana
    Jocas Duplamente Lights
    Lena

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Beirão de raiz mas quase só isso. Interessado em tudo quanto tenha interesse. Bloguista acidental. Amigo do seu amigo.