Surpresa!!!

Para amigo João Celorico, a Aldeia da minha vida oferece este blogue, para dar voz às suas palavras simples e singelas, e colocar lá no alto vivências mágicas vividas, com a sua terra no coração.

Se é por falta de tempo...ou de conhecimentos para mexer no blogue, não há mal nenhum nisso! Envie as suas criações poéticas e nós teremos todo o gosto em publicar aqui!

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Atenciosamente, Susana

Um blogue cheio de poesia, com cheirinho a saudades de uma terrinha raiana, a Salvaterra do Extremo...e não só!

Blogagem colectiva

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Na minha terra come-se bem!


Blogagem Colectiva

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Às romarias

Nossa Senhora da Livração
e também o Senhor do Monte
é tudo, tudo, animação
e não sei que mais vos conte!

Pessoas, são milhares,
e a festança é animada.
Esquecem-se os azares
e a devoção é aumentada!

Pode-se comer e beber
e também cantar ou dançar
mas, estranho, tem de ser
sem a ninguém incomodar!

Pois esta festa aberta,
onde não se paga nada,
e em que tudo é oferta
deve ser muito engraçada!

Então, não se paga nada?
Amigo, isso era dantes!
Ela é paga, e bem “pagada”,
nas barracas dos feirantes!

Mas, fico bem satisfeito,
pelo que a prosa reza!
O casamento, é perfeito,
entre Homem e Natureza!

A procissão, é majestosa,
as bandas, fenomenais,
a vestimenta, rigorosa,
o que haverá ainda mais?

João Celorico
2 de Setembro de 2009 2:49

À Pedra da Cavaleira

Festa e bailarico
e é tudo, afinal.
Eu, por aqui me fico
e já não está nada mal!

Missa e procissão,
o programa é rico.
Primeiro a devoção,
depois o bailarico!

Texto nem bem, nem mal,
e sem muito para dizer.
Dizendo o essencial,
todos ficamos a saber!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 2:09

Uma breve pausa...

Para meter foguete e morteiro
tem de ser uma festa de truz
mas nesta, o interesse primeiro,
é inundar tudo, tudo, de luz!

Luz, luz e muito Amor,
essa é a grande Verdade,
e as preces ao Senhor!
Este, O Jesus da Piedade!

Cumpre-me agora parar,
fazer uma breve pausa.
Lágrimas que correm devagar,
decerto são por nobre causa!

Se estar longe dá saudade,
então é verdade, decerto,
que só se mata a saudade,
do longe se fazendo perto!

João Celorico

Ao culto da Senhora da Nazaré

Em Alcainça, o S. Miguel,
é como a galinha da vizinha.
A festa da Senhora da Nazaré
é sempre melhor que a minha!

Tão grande é esta devoção,
que para orgulho deste povo,
lá vai mantendo a tradição
neste Portugal sempre novo!

Um cortejo assaz moroso,
este, da Senhora da Nazaré.
E, deve ser muito doloroso,
para os que o fazem a pé!

Festa durante 10 dias
e sempre, sempre, animada.
Percorre 17 freguesias
numa longa caminhada!

É uma boa descrição
e um texto conciso,
fala-nos de devoção
e nada mais é preciso!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:57

Para as Festas do Barreiro...

Amiga “camarra”! Afinal,
por sua escrita, não peca!
Seu mestrado não lhe fez mal,
apesar de tirado na “seca”!

Li tudo e eu lhe digo,
não está mesmo nada mau.
São palavras de amigo,
sem cheiro a bacalhau!

São estórias de antigamente
que a juventude desconhece.
São as histórias de gente
com menos do que merece!

Sem que faça disto alarde,
e sem nada eu pretender,
talvez um dia, mais tarde,
eles pensem e vão perceber!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:49

À festa de Arrentela...

Até o nome desta terra
causa grande confusão
mas isso não emperra
a escrita ao Zé do Cão!

Fala do Beato de Santa Maria
e o tom já sobe um bocado
pois não vai longe o dia
em que Nuno foi canonizado!

E que tal, aquelas bandas?
Meus senhores, vejam só!
Puseram tudo em bolandas,
depois, tocaram sem “Dó”!

E foi assim, desta maneira,
que se acabou. Tudo em bem!
Acabou-se a brincadeira!
Não há coreto p’ra ninguém!

E as fragatas do Tejo,
quando o tempo amaina,
ainda hoje eu as vejo,
mas não na sua faina!

Hoje, são só para passear
nas doces e calmas águas.
Não são para transportar
fragateiros e suas mágoas!

Bom texto, sim senhor,
este sobre a Arrentela
e a minha rima seria melhor
se feita ao Zé da Cadela!

João Celorico


2 de Setembro de 2009 1:39

À aldeia do Esporão

Mas que aldeia esta!
É das outras diferente.
Até consegue ter festa,
o que não tem, é gente!

Só 57 habitantes
e cada um é residente,
terá muitos visitantes
e, isso, já é muita gente!

Quando a capela se construiu,
aquilo que eu vejo, e anoto,
é que, por S. Miguel, não caiu
nem pedra, pelo terramoto!

Mas a esta aldeia de Esporão
eu digo ao turista que venha!
Pois, é digna de admiração!
Não há nada que não tenha!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:31

Para a fogueira da noite de Natal...

Que texto tão pequenino
para falar de saudades.
Não fala do Deus Menino,
fala, sim, de amizades!

Vendo bem e olhando o texto,
eu nem sei o que lhe diga!
A saudade faz pretexto
só para encher a barriga!

Mas quem é que acredita,
assim nesta prosa enxuta?
Primeiro enche a “barriguita”
e depois vem um ano de luta!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:23

Para as festas da Senhora da Agonia...

Na Senhora da Agonia,
tudo o que a envolve é belo!
Tão linda é a romaria,
como Viana do Castelo!

Há um século classificada,
como sendo grande romaria,
pelas gentes é celebrada,
a festa da Senhora da Agonia!

Digo isto sem acinte!
Que festa tão “bacana”!
E, oxalá que o dia 20
não calhe ao fim de semana!

As mordomas são solteiras!
Olha a grande admiração!
As casadas foram as primeiras
a provar sua devoção!

São grandes festas, podem crer!
Mas se são as maiores ou não,
tal não sei, nem quero saber.
Deixo-o à vossa consideração!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 1:18

Para o Carvalhal do Sapo

Apesar desta situação,
levar à desertificação,
lá vem, o São João
amigo, deitar a mão!

Desse mal se queixa muita gente
e, para ir mantendo a tradição
aqui não pode ser diferente,
há que festejar o São João!

A festa, agora, é 1 dia
mas, sem quês nem porquês,
é tanta, tanta, a alegria
que até parece serem 3!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:45

Para os rituais de Inverno

Até à força recorrendo,
os caretos brincalhões,
é assim que vão vivendo,
tudo, tudo, aos encontrões!

A ordem e o respeito,
impostas por quem o não tem,
não me parece bem feito
e não fica nada bem!

Parece-me um pouco mal,
apesar de ser no Entrudo,
porque bem visto, afinal,
isto, não pode valer tudo!

É, pois, naquela mascarada
que se divertem os rapazes.
Fazem-no de cara tapada,
às claras não são capazes!

E, é assim que a tradição
lá se vai mantendo viva,
para bem duma profissão,
e ela se mantenha activa!


João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:28

Para a Terra de Seguirei...

Ele, não há terra como esta,
neste cantinho transmontano.
É sempre festa e mais festa,
está em festa todo o ano!

Entre a Galiza e Vinhais,
entre Vinhais e a Galiza,
sua vida são arraiais
e de mais não precisa!

Orgulha-se dos valores
e muito das tradições.
E isso, meus senhores,
toca nossos corações!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:18

Para a Castanheira da Serra

Vítimas do isolamento
e da interioridade.
É quase o sentimento
de quem vive na cidade!

Vítima de incêndios florestais,
é como em todo o país!
Descanse que não arde mais!
É o governo quem o diz!

A emigração para França,
durante o Estado Novo,
criou alguma esperança
neste humilde e pobre povo!

É bonito, com toda a certeza,
e sempre tão agradável ver,
o que é a natural beleza,
o silêncio, e o bem receber!

À “Fonte dos Namorados”,
que é ideal para namorar,
para alguns, mais ousados,
nem é preciso lá chegar!

Reservada e escondida?
Como são as coisas raras?
Isso já não é desta vida,
já se faz tudo às claras!

Na fonte da “Palaia”,
depois duma patuscada,
é bom que ninguém caia.
Pode morrer afogada!

A Comissão, qual ministério,
sendo devidamente eleita,
leva tudo muito a sério
e apresenta obra feita!

Ai, Castanheira da Serra,
perdida na Serra do Açor,
hei-de ir a essa terra,
desde que não faça calor!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:12

À festa do Senhor do Calvário...

Que um comentário
lhe deixe foi a tarefa pedida,
por isso, amigo, não se queixe
se não for à sua medida!

Voltas e voltas à cabeça
e melhor coisa não me sai.
Mesmo que, amigo,
não mo peça,
o meu comentário, ele cá vai!

Festa de beleza tamanha,
ali p’rás bandas do Dão.
Mas, que atitude estranha
na Primeira Comunhão!

Para quê alguém vestir
de vermelho uma criança
se eu estou farto de ouvir
que é o verde a esperança!

Também lhe digo mais,
sem ser inconfidência,
não somos todos iguais,
nem mesmo na aparência!

Porém, o que se pode retirar
daquilo que o seu texto emana
é que ao homem pode-se enganar,
mas a DEUS, ninguém engana!

João Celorico
2 de Setembro de 2009 0:05

Para a festa do Tabuleiro de Tomar

Que um comentário
lhe deixe foi a tarefa pedida,
por isso, amigo, não se queixe
se não for à sua medida!

Voltas e voltas à cabeça
e melhor coisa não me sai.
Mesmo que, amigo, não mo peça,
o meu comentário, ele cá vai!

É um ritual pagão,
feito de 4 em 4 anos,
com a oferta do pão
feito pelos humanos.

Pode ser muito engraçado,
todo este pão para ofertar,
desde que não seja obrigado
a ter de, à cabeça, o levar!

Com 22 quilos à cabeça,
lá vão aquelas almas
e que ninguém lhes peça
para baterem as palmas!

Talvez seja muito bonito
quando, numa foto, se pega
mas eu cá não acredito
seja para quem o carrega!

É uma festa e tanto.
É só cortejos e, depois,
até o Espírito Santo,
esse, também tem bois!

Agora, só o que me resta,
é marcar bem na agenda,
pois, para a próxima festa,
já há bilhetes à venda!

João Celorico
1 de Setembro de 2009 23:59

Bodo de Salvaterra do Extremo
















"Num ermo, pertencente à freguesia e concelho de Salvaterra do Extremo, chamado de Monfortinho, ergueu-se nos princípios do século XVII ou ainda antes (não se sabe ao certo), um convento franciscano e com ele, uma capela devota a Nossa Senhora da Consolação.
Com o fim da dominação filipina, vieram as guerras da Restauração da Independência e a completa destruição do convento. Restou apenas a capela e manteve-se a devoção das gentes das redondezas. Sabe-se que, em 1758, essa devoção era celebrada no dia de N. S. dos Prazeres e que era em intenção de que a Senhora livrasse os campos das pragas de gafanhotos. Porém, no século XIX, por alturas da década de 70, a praga de gafanhotos foi tal que provocou enorme destruição nas culturas e originou uma vaga de fome nas populações.
Basta dizer que, no dia 2 de Junho de 1876, 30 pessoas, em 45 minutos, apanharam 60 alqueires deles!
Nos concelhos de Elvas, Salvaterra do Extremo (hoje Idanha-a-Nova) e Figueira de Castelo Rodrigo, foram então apanhados 44.400 kg de gafanhotos!
Pediu-se, mais uma vez, a intercessão de Nossa Senhora da Consolação e prometeu-se fazer um Bodo em sua honra. As preces foram ouvidas e, todos os anos, na segunda-feira, de Pascoela, quer chovesse ou fizesse sol, era ver a romaria que, de Salvaterra do Extremo, se dirigia para o lugar de Monfortinho percorrendo, por aqueles campos fora, as cerca de 3 léguas de caminho, a pé, a cavalo ou de carro, levando cruzes, pendões e a bandeira do Espírito Santo, à frente, para cumprir a promessa e agradecer a Nossa Senhora.
Diz a tradição que faziam uma paragem para retemperar forças, num sítio denominado Vale do Pereiro, e onde além de se servirem dos seus farnéis (pão e vinho não faltavam), tinham um costume curioso, qual era o de que os maridos com suas mulheres e os namorados com suas conversadas se abraçarem e entrelaçando as pernas se rebolavam desde o cimo até ao fundo do Vale. As mulheres, que não se prestassem a tal prática, deviam ser lestas a sentar-se para não serem abraçadas pelos maridos ou namorados, caso contrário teriam que se sujeitar à mesma.
Os produtos da terra e o gado para a matança e confecção do Bodo era oferta de todos, lavradores, pastores, patrões e criados.
Entretanto, em 1846, a fortaleza de Salvaterra tinha sido desguarnecida e em 1855, Salvaterra tinha deixado de ser concelho. Em suma, a importância de Salvaterra, passadas que foram as guerras com Castela, entrou em queda! Foi então que, em 1905, um grupo de lavradores de Salvaterra, entendeu que a festa devia ser em Salvaterra e não no pequeno lugar de Monfortinho. Fez erguer, das ruínas do que fora a ermida de Santo Amaro e mais tarde do Senhor de Pedra, no sítio da Devesa, a capela de N. Senhora da Consolação. Após uma acesa disputa com os de Monfortinho, estes não estiveram pelos ajustes e a conclusão ditou que em vez dum Bodo se fizessem dois. Todos ficaram a ganhar! A Senhora, que lhe fazem duas festas, e o povo que come a dobrar, em Salvaterra, agora na 2ª feira a seguir à Páscoa (alteração devida aos ritmos da vida moderna, principalmente férias escolares) e em Monfortinho uns dias depois!
A festa, durante 3 dias, consta de “Boas vindas” e arraial pela noite dentro no primeiro dia; alvorada, início da matança do gado, as populares provas desportivas, lanche com prova dos rins e de novo o arraial nocturno, no segundo dia; por fim, no terceiro dia, haverá alvorada com banda filarmónica percorrendo as ruas de Salvaterra, pequeno almoço (arroz de tripas e chanfana). Segue-se a Procissão, desde a Igreja Matriz para a Capela de Nossa Senhora da Consolação onde se celebra a Missa e se procede à Bênção do BODO, após o que se dá início ao almoço (Sopa de grão, arroz com chouriço e o ensopado de borrego) devidamente acompanhado do tinto e do belo pão (previamente benzido). À noite continuam os festejos até ao seu encerramento e despedidas até para o ano seguinte.
A título de exemplo, em 1999, consumiram-se 1.300 Kg de carne, 200 Kg de arroz, muitos outros de massa, grão de bico, enchidos, azeitonas, hortaliças, pão, bolos e 7.000 litros de vinho tinto.
E é deste modo que se faz a reunião dos filhos da terra, os residentes (poucos) e os que não a esquecem nem a ela nem a Nossa Senhora da Consolação e sempre voltam, todos os anos. Também os vizinhos, espanhóis de Zarza la Mayor, não se esquecem desta festa nem dos tempos em que, durante a Guerra Civil, os amigos deste lado do Erges lhes valiam e mitigavam a fome. Talvez também por isso a Feira de S. Bartolomé, a 23 de Agosto, na Zarza, seja igualmente tão do agrado dos salvaterrenhos.
Mas vai sendo cada vez mais difícil arranjar festeiros e já é a igreja que tem deitado mãos à obra.
E é assim que se mantém uma tradição secular! "

Escrito por João Celorico

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